TEU TETO É SOL
meu chão de sal
tua mata branca
tua caatinga
teu claro espanca
minha restinga
minha retina
esferoidal
tua invasão
teu boreal
na gota curva
do teu prazer
a escorrer
na noite fresca
da tua pele
teu colo fere
qualquer certeza
teu corpo anula
qualquer beleza
tuas partes cruas
essência nua
posta à mesa.
poesias - Michele Flores
CARSTE
astro
lábio
que governa
todo sábio
à caverna
da imagem
do seu eu
onde cai
de amor por ela
no profundo
e se enxerga
no seu ego
o próprio deus
e não ouve mais o Eco
que ao seu lado segue cego
mendigando o seu olhar
e devora a própria face
e deseja a própria carne
e o corpo não mais cabe
o torpor do desejar
lábio toca o chão de água
afaga a vida que apaga
no toque quando se deu
no fundo do carste aguado
quando beija o próprio breu.
morre o corpo definhado
HALO
Auréola
aurora áurea
concêntricos círculos
concentro cíclico
na transparência da alma
transbordo lúcido
no espelho flácido
mergulho límpido
no universo ríspido
do azulejo estático
estado crítico
entre a luz do bulbo
e o cinza escuro
do contorno espático
da lente abrupta
que congela explícita
a verdade nua
da pele marcada.
OÓLITOS
seus olhos, as marcas
de onda formadas
no leito de areia
das praias criadas
no seio da ida
da crista da onda
na volta redonda
da face espraiada
do grão que indo salta
e desce, e escorrega
no lábio se esfrega
e perde as escaras
oólitos olhos
grão envelopado
na vista cansada
olhar marejado.
OÓLITOS
seus olhos, as marcas
de onda formadas
no leito de areia
das praias criadas
no seio da ida
da crista da onda
na volta redonda
da face espraiada
do grão que indo salta
e desce, e escorrega
no lábio se esfrega
e perde as escaras
oólitos olhos
grão envelopado
na vista cansada
olhar marejado.